30 de novembro de 2007

VITÓRIA

Há situações da vida- a maior parte delas- que não envolvem em si qualquer tipo de conflito, pelo que não podem ter vencidos nem vencedores. A vida é nesses mesmos momentos bem mais radical: gerar neles conflito e tentar vencê-los numa lógica de competição é meio caminho andado para que o seu essencial nos passe ao lado.

O essencial às vezes reduz-se à sensação do ar que nos penetra a traqueia e insufla os pulmões de forma gratuita. Assim sem que nada nos seja pedido que não seja fechar os olhos e deixar-se levar.

Este essencial torna-se tantas vezes tenebroso e doloroso... Que dizer dos momentos de luto, das roturas e de tantas perdas que nos assolam no nosso caminhar. Ainda assim, pouco há a fazer nestas situações que não seja abrir os braços e acolhe-las de verdade no nosso coração.

Tantas vezes, o único consolo que podemos alcançar e a única coisa que nos pode serenar a alma é derrotados enfrentarmos a vida e num sorriso desafiante, pedindo-lhe desculpa pela nossa insolência, abrir-lhe o nosso coração segredando-lhe ternos ao ouvido "Estou cansado! Mas como Te amo vida! Que queres de mim desta vez?" sem nada esperar em troca.

Porque por muito ingrata que seja, a vida é gratuita e espera que sejamos gratuitos para com ela...