25 de abril de 2008

QUE VALOR?

Porque crescer passa mais por escutar do que por ter certezas...

Quanto vales?
Quando trocas anos de amizade gratuita e generosa pela interessada necessidade de teres um médico na estatística de contratos que o teu patrão te exige...

Quanto vales?
Quando trocas o incómodo Amor sentido, desapegado e verdadeiro (dAqueles que os outros reconhecem e invejam) pela impetuosa procura do prático e imediato consolo dos teus desejos?

Qual o meu valor?
Quando obstinado, me esqueço dos meus limites, e teimo em não parar para me recompor...

Qual o meu valor?
Quando perfeccionista, teimo em acreditar que sou mais aquilo que faço e tenho do que tudo aquilo que vou deixando fazer e vou conseguindo deixar para trás...

Quanto valemos?
Quando trocamos dez minutos de intimidade pela adolação a este trabalho que ambos sabemos que nos tem prendido e escravizado...

Quanto valemos?
Nessa hipócrita maledicência de não se fazer e, criticando, não deixar que se faça... Neste tremendo vazio de egoismo e solidão...

Íncomoda-te?...
Na verdade, sabes que também me incomoda a mim...
Não te critico... Não me critico....
Tão só desafio-me a cair em mim, tão só te desafio a cair em ti...

És bem mais que isso...
Sou bem mais que isto...
Somos muito mais!

19 de abril de 2008

PORQUE ME PERSEGUES?

Há dias cujo final, resfasfelado nos lençois, me tem surgido como uma benção...
Sentir que ficou para trás mais que uma lágrima, ficou para trás um pedaço de mim...
Ver que tantos dos sorrisos que me rodeiam custaram-me um farrapo da minha alma!

Oh Vida!...
Quando falámos de amor, sorriste para mim e eu sorri para ti
Sorrimos os dois...
Era ingénuo e Tu- por mim- fizeste-Te ingénua!... Esquecemo-nos que o que "maiuscula" o Amor, o que lhe confere grandeza é essa loucura de dar-se sem esperar retorno...

E por mim falo...
Ainda me faltam a grandeza e a firmeza de espírito suficientes para viver feliz neste despojamento que me propões...

Mas, no meio de tanta incongruência, no próprio momento em que desejo deixar-Te para trás... És Tu que vens ao meu encontro, Sofrida no rosto incógnito de quem chama por mim.

E, neste dares-Te sofrida e receberes-me ingénua, consolas-me...
A cada farrapo de alma que me arrancas, a cada lágrima que me drenas...
Fica também para trás um pouco desta maldade que também sou...

Ainda bem que me persegues... porque por muito que Te ame...
Teimo em não saber nem ter como Te perseguir
Não me deixes!

Amen

5 de abril de 2008

EM TONS DE CINZA...

... passam estes dias em que o cansaço me corta as asas, segredando-me, mentiroso, que tudo o que possa correr mal correrá mesmo mal...

... Este desconfiar da Vida, esta incredulidade pincelada a sucessivas e impercéptiveis pequenas frustrações que, aos poucos, me vem prendendo e amordaçando...
Neste ter de ver para querer...
Neste ter de ver para crer...
Neste teimar em ter que querer para crer!

E, contudo, no meio de tanta incerteza...
Ter-Te como certo, tomar-Te como seguro...
A única coisa que o cansaço não tem como me tirar és Tu!
Este Bem que desapegadamente vou tentando (e tantas vezes vou conseguindo) distribuir por aqueles que me rodeiam.

Amanhã será outro dia!