16 de junho de 2007

Ao Santissimo Coração de Jesus...

Há dias que ando para Te falar...
Hoje quero muito escrever-Te com a tinta das minhas lágrimas. Aliás, ainda que não saiba muito bem como To pedir e não estando em posição de To exigir gostava que me guiasses. Não choro pelos outros, choro sobretudo por mim.

Choro antes de mais esta "crise" de Fé que me tolda o olhar. É dura esta divisão da alma em que a consciência da minha alma sabe-Te e proclama-Te mesmo aqui ao lado desesperado por me acolher, e a afectividade teimosamente vergada pelos meus caprichos que me impede de Te escutar segredando-me preversa que se calhar até Te posso dispensar. Bem lhe tenho repetido que pior inferno que a ignorância absoluta, é a sabedoria daquilo que a nossa impertinência teima em deixar para trás.

Sabes... Tenho saudades do tempo em que o meu coração procurava mais seguir-Te do que questionar-Te. Tenho saudades desse tempo em que no caminhar fazias surgir anticipadamente, na solidez dos meus passos, a respostas às perguntas que nem sequer precisava de Te colocar.

Sabes... Tenho saudades do tempo em que acolhia cada desafio da vida como proposta imperdivel e irrepetivel de crescimento. Em que não me questionava, forreta, que teria a ganhar com isso, procurando antes beber daquela fonte viva que era o sorriso de ver aquilo que na elevação dos outros me ias oferecendo. Aos poucos fui-me tornando juiz dos meus próprios actos e perdi-me nesta justiça de méritos em que os meus méritos não tem como me justificar diante dos meus olhos.

Podia-me justificar nos cansaços da vida, na fragilidade da minha humanidade... Sinto-me tentado a fazê-lo. Contudo pressinto que não será tanto por aí. Tu sabes tudo!

Afloram-se à consciência palavras que foste deixando aqui e ali... particularmente aquelas que disseste ao jovem rico que tudo fazia mecanicamente sem perceber que não há amor sem cumplicidade; esmagam-me os Teus gestos, no lava pés e na fracção do pão.

Olhando para este Teu Coração, reconheço que na cruz, olhando para mim sabias com o que contavas... E, como acredito que não foram os pregos que Te fixaram mas o Teu amor que os manteve no lugar só posso concluir que na minha duvida, teimas em não duvidar de mim. Sei que, pela Tua vontade, os meus pecados e falhas pouco podem diante desta irrazoavel loucura com que, todos os dias, reconcilias o mundo Contigo. Só Tu tens palavras de vida...

Não Te vou mentir, ainda tenho muito que caminhar. Mas aos poucos percebo que não conseguirei fazer aquilo que a vida me pede sem a Tua ajuda. E mesmo que conseguisse... A saudade diz-me que não seria tão saboroso nem gratificante se o fizesse sem Ti.

Por isso Te peço, renova-me Senhor o gozo pleno da Tua salvação, torna-me e capacita-me para que me torne cada vez mais Teu cumplice: cria em mim um coração puro, restaura-me um espírito recto.

Que assim seja