13 de novembro de 2006

VIVEIROS

Sempre me fascinaram os berçarios das maternidades, ver três ou quatro bebés em linha como se aquilo fosse uma grande fábrica de milagres.

Na semelhança inegavel que existe entre todos- às vezes à vista desarmada e sem um olhar mais aprofundado é difícil perceber se é menino ou menina- percebem-se logo as diferenças profundas que existem entre cada um deles na multiplicidade rica que a vida tem para nos conceder. Descobrir o Pedro maravilhado com o mundo que se lhe abre diante dos olhos, a Maria sonolenta a fazer uma sesta depois do esforço de nascer, o António (já gordinho) a fazer uma birra enorme de fome.

É um esboço de mundo em microcosmos que naquela salinha se encontra. Um esboço no qual se descobrem cruas e gratuitas as linhas mestre de uma Vida e Humanidade rica e diversificada, que mais tarde, no nosso dia a dia, só se reconhecem se teimarmos em manter aquele olhar inocente e maravilhado de um Pedro recém-nascido.

E como é fantástico aqueles bébés todos, com poucas horas de vida, encandeando-me com a luminosidade de um sol de meio dia, curarem a minha cegueira de 24 anos recheados de certezas e rotinas.