10 de novembro de 2006

DELÍRIOS FARMACOLÓGICOS

Na faculdade fiz a cadeira de farmacologia com uma boa nota. Era tema que me interessava. Desde pequeno via no resolver problemas físicos com uns pozinhos mágicos que se engolia algo de intrigante. Nela sublimei uma parte daquele atavismo mistico-mágico presente em todas as crianças.

Contudo associada à farmacologia- que tem a sua utilidade- vêem os abusos e as dependências. A doce tentação de colocar ou domar os sentimentos e afectos num granulado comprimido que se toma. Em busca de experiências?

Alucinações produzidas por cogumelos alucinogêneos e LSD? Tenta estudar doze horas por dia, três dias seguidos. O trip é brutal, até as pessoas na rua parecem feitas de cartão e sem personalidade...

Abertura de espírito e capacidade criativa produzidas pela "ganza"? Quando não estiver a funcionar o teu trabalho, ganha coragem de te afastares dele por trinta minutos para passear e redescobrir o sentido profundo e a felicidade que te movem. Verás que a criatividade voltará reforçada.

Capacidade de dançar e divertires-te com os teu amigos graças ao ecstasy? Aprende a cultivar a beleza das amizades fora da noite. Depressa os teus amigos farão por encher de sentidos a noite que disfrutas.

A energia da cocaina? Olha com responsabilidade colectiva para o teu trabalho, sente que por muito simples e discreto que ele seja faz falta e contribui para o bem de todos. Haverá maior suplemento energético do que saber que o meu trabalho é necessário a quem me rodeia?

A serenidade da heroina? Tem a humildade de ir ter com a tua namorada, pais, irmãos ou amigos e diz-lhes que o dia te correu mal... Haverá maior serenidade do que a intimidade compreensiva de quem nos Ama?

Sei que as drogas andam mais perto de mim (ti) do que aquilo que posso (podes) imaginar. Que se consomem mesmo ao nosso lado nas casas de banho das discotecas e estabelecimentos que frequentamos publicamente e na privacidade das nossas casas sem que ninguem veja.

Se te sentes tentado e tens a felicidade de não consumir, recorda-te que a pílula da felicidade já foi inventada há muitos anos, chama-se vida, e por muito que tentemos nunca a saberemos colocar em comprimidos descartaveis...

Sendo natural (conceito que não quer dizer muito mas está muito na moda), encerra em Si um potencial de felicidade que nenhum comprimido te pode dar.