18 de outubro de 2006

CRESCIMENTO ORGÂNICO

Como hoje tenho tempo para escrever lanço-me num post mais introspectivo

Se não fosse médico teria querido ser agrónomo. Sempre me fascinou a ideia de lançar sementes à terra e maravilhar-me com o fruto produzido. Por vários motivos.

No perceber que num grão está contida toda uma planta num passe de magia que ilude os meus olhos incrédulos que acreditam sem ver. É sempre intrigante descobrir que uma coisa tão discreta pode dar uma planta tão fantástica. A transição para a minha (tua) interioridade é imediata... Tanta coisa boa depositada em nós em sonhos e ideais que nem sonhamos serem possíveis de concretizar.

No maravilhar-me com a generosidade da terra, da água e do sol que, em concerto, do nada que é aquela semente produzem tanto fruto. Porque os meus sonhos também se tem que alicerçar na generosidade e cumplicidade das vossas forças. Não somos nada em nós mesmos, a inter-dependência está no amago da vida.

Na parábola do grão de trigo que tem de morrer para dar fruto bem presente em todas as metamorfoses que se vêem na natureza. Do simples grão à bela borboleta. Porque crescer tem sempre de implicar abandono de nós mesmos e alguma fé. Não a fé religiosa! Simplesmente aquela crença básica de que aquilo seguro que deixo para trás é sempre menor do que o inseguro que ao virar da curva me pisca o olho.

No conformar-me com a dinâmica própria da natureza. Nos carvalhos que me surgem imutáveis e perpétuos mas que encerram em si um longo percurso sereno de vitórias e revezes expresso nos veios da sua intimidade de árvore e nas cicatrizes da sua casca dura. Porque também nós encerramos alguma desta imutabilidade dinâmica em nos próprios nos nossos ideais e afectos que tem sempre de ser forjados neste jogo de parada e resposta de resultado incerto; em que somos desafiados a acolher cada vitória e derrota como etapa de crescimento mais do que agressão, recalque e frustração.

E por muito que nos custe na provocação da morte que nos relembra em cada instante que este é um tempo finito... Que as grandes coisas não podem nem devem ficar para amanhã. Que há uma urgência existêncial em fazer da vida fonte de vida neste perpetuar de um ciclo no qual em última análise não somos mais que um grãozinho de uma praia maior!

Saiba eu crescer de forma orgânica, passo a passo...