25 de outubro de 2006

CHUVA DISSOLVENTE

Porque chove torrencialmente lá fora e no coração de alguns amigos...

Também eu tenho andado meio cego, teimando em não querer ver para lá das evidências. Porque me fixo na fealdade que hoje apresenta o céu desesperando por não ver um raiozito de sol. Contudo a terra ressequida agradece esta chuva... No seu percurso silencioso promete desde já verde e flores, pássaros e vida para a próxima primavera.

É na dureza concreta da vida, na dor que nos induz e nas grandes tempestades interiores que despoleta que surgem os grandes sonhos e se eleva a Vida. Fico feliz por saber que chove torrencialmente no teu coração... Não tanto pelas dificuldades que hoje passas, mas sobretudo porque sei que esta é a época das chuvas, chuvas dissolventes que na natureza e em nós arrastam e arrancam tudo aquilo que não encerra em si promessa verdadeira de vida.

Não teimes em desesperar... Abre antes o teu coração ressequido à chuva, consente que neste desconforto a água se misture à sua essência, enxarcando-o de sonhos e caminhos de vida, esperança e alegria. Tem presente que, por muito que te custe, é hoje que se constroi a (tua) próxima primavera... Porque esta é a época das chuvas... Chuvas dissolventes!

Um beijinho

P.S. Penso que não seria necessário escrever isto, contudo não vá eu falhar por omissão...

E se chover muito, e por instantes pensares que te vais afogar... Não desesperes! Não te esqueças que não estás sozinha... Tens à tua volta montes de boias onde, se quiseres, te podes agarrar...