16 de outubro de 2006

BOTAS AZUIS

Hoje ao sair de casa deparei-me com um dia de chuva com um céu bem carregado. A regressão foi expontânea e roubou-me um enorme sorriso.

Recoloquei-me num dia igual, há quase vinte anos, no liceu francês, desejando ardentemente umas galochas azuis... Primeira egofonia? Gesto de sublimação (nunca foi muito de revoltas) depois da descompostura que a minha mãe me deu por me ver todo encharcado de andar como os patinhos a chapinhar na água...

E que alegria foi o par de botas que me ofereceram uns dias depois e poder (nos limites do conceito de liberdade que tinha na altura) chapinhar naquele lamaçal de água, terra e folhas castanhas...

Mal sabia eu que as calças também se molhavam... Foi giro perceber que tinha voltado a pisar o risco uns minutos depois quando a contínua me trocava de roupa e cheia de ternura me explicava (não me recordo com que palavras) que tinha muito que crescer.

Hoje a chuva relembrou-me estes dois tesouros da vida... A inocência das crianças que tento manter em cada passo que dou - bem que me apeteceu chapinhar na lama- e a capacidade de crescimento que assim sorrindo na minha (relativa) meninice me estimula a ser maior.