20 de setembro de 2006

OUTONO

Nunca sei as datas dos solestícios, são coisas que não me preocupam... Mas era capaz de jurar que já é outono...
Ainda não vi muitas folhas cairem das árvores mas sinto os corações de quem me rodeia (e o meu) a mudarem para tons de castanho...
A urgência de viver começa a deixar de fazer sentido e sente-se necessidade de recolher a casa para inventário. Com a quebra da adrenalina (ou de algum humor menos concreto mas muito mais romantico) começam a surgir pungentes as dores que as pancadas da folia do verão provocam e há necessidade de cura interior.
O brilho dos olhos muda, deixa de ser extrovertido e a disponibilidade para o mundo diminui.
Mas, ao nosso lado, a vida não para no seu ciclo incessante requisitando sempre a nossa presença. Custa muito não perder o balanço e gerir estas duas forças tão antagónicas mas tão simultâneas.
Aos meus amigos- aqueles que partilham comigo este percurso- ofereço os refrões que, em tons de oração castanhos, tenho repetido incessantemente. Neles encontro animo para me enfrentar a mim e áquilo que me vai sendo pedido nesta poda incessante.
Não são meus, mas aproprio-me (o autor por certo não se importará e desculpar-me-á)

Tomai Senhor e recebei toda a minha liberdade, a minha memória e o meu entendimento. Toda a minha vontade e tudo o que eu possuo.
Vós me destes, a Vós vo-lo restituo.
Tudo é Vosso... disponde. Pela Vossa vontade, dai-me apenas Senhor o Vosso amor e Graça...
Que isso me basta

Santo Inácio de Loyola
Fundador da companhia de Jesus
(se a cultura não me falhar)