26 de setembro de 2006

DE CORPORE I - RUGAS

O blog de um médico e nunca ter falado do corpo... Onde é que já se viu isto!!!

Gosto de rugas. Gosto particularmente daquilo que elas representam, da experiência vivida que os livros nunca me ensinarão. Daquela experiência que possibilita fazer grandes coisas de uma vivência simples. Do tacto que traduzem e da sensibilidade que manifestam.

Não caio na tentação de as querer ter depressa. Elas virão ter comigo. Acho que até já tenho umas mini-rugas :) que já mostram toda a minha mini sabedoria- da qual, como das minhas rugas, duvido sinceramente todos os dias.

Os velhinhos (termo afectivo) não são trapos... Quantas vezes nas camas dos hospitais octagenários, vergados pela doença, me disseram "sou um velho, um trapo cheio de rugas". Nessas alturas vem-me sempre a mustarda ao nariz, sorrio e respondo-lhes do alto dos meus 23 aninhos, "triste triste sr. João (nome fictício), é morrer aos 16 num acidente de automovel sem ter o privilégio de poder ter rugas". Todos esboçaram sorrisos e nunca nenhum me soube dar resposta à provocação.

Sei que é difícil ter rugas bonitas... Elas são muito verdadeiras. Fixam no rosto o nosso estado de alma dominantes. Almas pesadas rugas feias, almas leves rugas lindas. Por isso, e sempre que me lembro que as minhas rugas constroem-se sorrio com um sorriso aberto.

Oxalá, no dia em que feche os olhos (não cris, não quero levitar nem cheirar a rosas :p) possa alguem gabar em mim rugas bonitas e vistosas (Isso, por certo, seria já um grande milagre).

Proximo episódio, algures ainda esta semana... O esqueleto...