13 de setembro de 2008

OBJECTOR DE CONSCIÊNCIA

Já me havia cruzado com várias objecções de consciência nestes dois anos de medicina. Doentes que se recusaram a ser picados por estarem fartos, outros que se recusaram a fazer transfusões sanguíneas por convicção religiosa só para referir as situações mais frequentes.

E então dou por mim, a falar uns bons três quartos de hora com um doente para perceber aquilo que na minha cabeça não fazia sentido.... Este recusava-se a ser tratado com medicamentos administrados por penso cutâneo.

Estranho e insólito... Tão insólito que ainda pensei que o doente me estivesse a tentar dizer que era alérgico ao medicamento em questão ou ao próprio penso... Mas não, era muito mais simples e humano que isso... Os pensos faziam-lhe mesmo confusão na cabeça! Tê-los no corpo não era coisa para aquela alma.

E sai da sala com um sorriso de orelha a orelha...
Por ter percebido este pequeno detalhe tão importante para aquela pessoa.
Porque não há mesmo necessidade de sobrecarregar aquele doente com desconforto gratuito.
Por ter aprendido que as vezes, para confortar, importa mais escutar um pouco do que fazer muito.