15 de setembro de 2007

AQUELE OLHAR

Surpreende-me sempre, quando me cruzo na rua com um carrinho de bébé, o olhar com que sou confrontado. Aquele olhar absorto e absorvente próprio de quem descobre o mundo. Aquele que seguramente terá sido também o meu, o teu primeiro olhar...

Surpreende-me ainda mais, quando chegando a casa faço o exercício de o comparar com este olhar que o espelho me devolve. Dou comigo inconformado a perguntar-me em que curva da vida terei deixado para trás o seu brilho.

Há quem diga que no meu caso o brilho continua lá... Mas diante das evidências não me convencem... Aqueles olhares dos bébés brilham muito mais!! Diante deles, da perspicácia e alegria que a sua inocência lhes confere sinto-me como o velho cujas cataratas turvam a vista cansada...

E sinto tanta falta dessa inocência perdida...

Desta inocência que a cada dia procuro e tento reencontrar!

Porque creio que os ideais que verdadeiramente resultam nunca são os que pretendem mudar o mundo para o qual se olha, serão sobretudo aqueles que tem a ousadia de ver este mundo com outros olhos.