1 de julho de 2007

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Incomoda-me a facilidade com que se passa por cima do silêncio dos inocentes. A facilidade brutal com que ideias novas, só por serem novas, são tomadas como aceitaveis numa perspectiva experimental, contra uma imensa maioria silênciosa.

Incomoda-me conformar-me com este meu silêncio inocente, que hipócrita, condena na vida de tantos, valores que tomo como importantes. Incomoda-me que a agenda de reflexão da minha sociedade teime em pautar-se na cantilena dos chamados temas fracturantes.

Tantas vezes lobos vestidos de cordeiros... Fala-se da descriminação das mulheres para fazer passar leis de aborto, mas continua-se hipócrita a silenciar o desejo dessa imensa maioria que silenciosamente opta por renunciar à maternidade por questões de falta de disponibilidade de tempo ou de dinheiro... Para quando a coragem de reconhecer nisto uma mutilação concreta da mulher (afectivamente e efectivamente sobreponível a excisão praticada em Africa e que por cá tanto constrangimento provoca) e ousar traçar novos rumos, legislando uma descriminação positiva da realidade laboral das mães.

Subrepticiamente começa-se a introduzir no contexto social de debate o conceito de eutanásia referindo que 40% dos meus colegas oncologistas (uma minoria...) seria favorável a sua prática. E pronto... Em três panadas, tenta-se silenciar uma maioria inocente, anestesiando a reflexão das massas numa cadência de pequenos actos consumados.

Tem-me incomodado!...