5 de maio de 2007

EGOISMO

Nestes dias tenho estranhado muito alguns amigos e outros desconhecidos que me tem passado por perto. Escandaliza-me que numa sociedade cada vez mais egoista, as pessoas teimem em negar e em não proteger aquilo que de riqueza têem no seu egoismo.

Corre-se para a ultima peça da moda, para o carro topo de gama ou para o telemóvel que faz de tudo menos chamadas em condições. Mas quando toca ao intrinseco da nossa liberdade e autonomia, quando se trata dos nossos valores e afectos, depressa nos complexamos dizendo que somos egoistas por os querermos proteger e resguardar.

As almas sempre foram egoistas e independentes. Está-nos no tutano do osso. Para o bem e para o mal existirá sempre este mecanismo de auto-protecção que não nos podem tirar ou apagar. Faz parte da nossa humanidade. Magoa-me toda esta hipocrisia com que se olha para esta realidade.

A cada um de vocês, que sei que hão de ler este post, digo-vos: Lutem pela vossa chama e individualidade!! Não deixes de escrever aquilo que pensas porque alguem discorda de ti, não te limites a ser meia pessoa porque alguem quer que não sejas aquilo que és, não te sintas perseguida nessa tua liberdade que nunca te poderei tirar.

Esquecemo-nos que o nosso egoismo nos abre naturalmente sobre o outro, que também é dele que brota esta capacidade fantástica de nos consumirmos e darmo-nos por algo ou alguem. Esquecemo-nos que ninguem nos obriga a fazermos entrega da nossa vida, dos nossos talentos e qualidades e que só o fazemos porque queremos.

Esquecemo-nos que ao faze-lo (ainda que de forma egoista) valorizamos quem nos acolhe. Porque sejamos honestos... Há imenso sítio e milhares de pessoas onde nos podemos consumir até ao último folego. Se o fazemos aqui ou acolá, terá sempre de ser porque vale a pena.

E sobretudo não olhamos para o nosso egoismo com olhos sonhadores. Depressa nos vendemos a trinta talentos de nadas em consolos racionais ou afectivos para nos esquecemos de ser egoistas no assumir deste nosso mérito pessoal. Temos complexos em valorizar aquilo que realmente temos de bom e genuino.

Tem-me feito falta cumplices de caminhar, que quando colocados diante da solidão, sabem responder-me com o seu caminhar sofrido com um "porque sim! porque a vida é assim!" humilde e despojado de vontades mas muito egoista de responsabilidades.