13 de abril de 2007

CANSAÇO

Nestas semanas tenho sentido na pele que sempre que um doente vai para casa, morreu uma parte do médico que o assistiu. Dizem que com a idade e a experiência os nossos corações convertem-se em pedras e deixamos de o sentir... Mas que é verdade, é!!!

Corroi-me a preocupação de que algo possa correr mal com os que estão na enfermaria. Quantas noites mal passadas, quantas idas ao hospital em horas impróprias para discutir com o médico de urgência pontas que por lapso deixei ficar soltas naquela manhã.

Fragilidade, dizem-me alguns. Pois com certeza! Perco semanas de vida nuns pares de horas de trabalho, consome-se o meu sorriso afundado em pesadas olheiras. Insegurança, dizem-me outros. Não vos vou negar... Sim insegurança.

Mas cruel cruel no meio disto tudo é vê-los atravessar a porta do serviço sem que se sinta na alma uma campainha consoladora a ressoar e a relembrar-nos num hino alegre que naqueles passos de libertação (ainda que para um amanhã sempre incerto) se justificou plenamente aquilo que em nós naqueles dias teve de morrer.