12 de janeiro de 2007

PEDRAS DE CALÇADA

Ao fazer caminho olha-se inevitavelmente para as pedras da calçada. Gosto muito desta tradição tão lisboeta. Sempre que vou de viagem estranho a frieza dos passeios graníticos ou asfaltados e sinto falta daquelas pedrinhas alinhadas.

Naquela ordem em que foram colocadas formam verdadeiras obras de arte que encantam. Distraídos pelo todo nem sempre prestamos atenção às partes… Gostava de conhecer as suas almas, conhecer cada uma destas pedras pessoalmente.

E que almas! Simples pedras… rudes e frias! Contudo, na sua imutabilidade predispõem-se a ser permanentemente pisadas e repisadas por passos apressados e indiferentes. Simples, dão-se voluntariamente à humilhação da indiferença em proveito daqueles que as humilham. Pergunto-me… Saberão elas a lição que me dão?