6 de dezembro de 2006

ESTENDER AS MÃOS

Texto publicado no Raizes- Jornal dos jovens da minha paróquia, deste domingo. Não deixem de ler o Raizes, é um projecto de todos!!!
Acordo sonolento e rabugento. A vida exige muito de nós. São os pais em casa, os professores na faculdade, os amigos que reclamam a nossa presença e o nosso intimo que se dá ao luxo de exigir uns minutinhos para se refazer do nosso cansaço. E queres Tu que eu seja santo.
Não tenho tempo para Te dar tempo. Deixa-me em paz! Sorris e deixas-me seguir o meu caminho. E que dia espectacular! As aulas a correrem bem, o café com os amigos que já não via há imenso tempo e melhor ainda… O dia acabou e nem sequer estou muito cansado! Estou feliz!
E de mansinho, no meio da minha felicidade, voltas à minha presença. Relembras-me que andas por aí à minha procura. No Teu sorriso sempre disponível, caio em mim… Onde tinha a cabeça? Nem sequer Te prestei atenção! Fui injusto… Não me fizeste mal nenhum e tudo o que recebeste foi umas costas voltadas logo pela manhã… Sinto-me envergonhado e sem palavras.
E no meu silêncio falas-me Tu! Relembras-me todo o meu dia… O professor disponível que me explicou aquilo que não percebi, o António e a Francisca que me sorriam no final de tarde bem como todos os momentos luminosos que me aclararam o dia.
E sorris muito dizendo, “Estendi-te a Minha mão durante todo o teu dia”. Fico ainda mais aflito com a situação… Mas interrompes-me: “Escuta que ainda não acabei” e do meu dia relembras-me pequenos nadas a que nem tinha prestado atenção. O sorriso que devolvi à criança no metro, o bom dia distraído que dei ao porteiro, a ajuda imediata que dei ao abrir a porta do café ao casal que entrava enquanto nós saíamos. “Percebes agora? Também tu Me estendeste a mão hoje… Olhares por Mim não é só rezar e pedir, é sobretudo dares e servir”

Mas nem me apercebi! “Ainda bem! Assim não tens como ficar orgulhoso! Seres santo, seres feliz não depende só de ti… Nunca te esqueças que toda a tua bondade e felicidade brotam de Mim!”
E foste embora sorrindo… E eu, adormecendo, sorri também, desejando muito saber estender-Te com mais docilidade a minha mão que, sem que eu me aperceba, teimas em querer precisar e utilizar.