22 de novembro de 2006

SANGUE NA GUELRA

Ainda que discorde em noventa e nove por cento com os existêncialistas, numa coisa tenho de lhes dar razão. É quando estamos presos que sentimos com mais intensidade a nossa liberdade.

Haverá maior movimento de liberdade do que livremente sujeitar-se ao que a vida nos propõe? Faço-o porque quero! Ninguem me obriga! E que pode a pressão fazer sobre mim senão intensificar este desejo profundo de fazer vida.

Percebo bem que não tenho nada e tudo o que desta fase possa resultar será sempre mais do que aquilo que possuo... Porque me consumir na cobiça de uma vaga "ao sol" ou no desespero da incerteza de um resultado que nem sequer depende exclusivamente de mim.

Prefiro olhar para o caminho e perceber que o percorro porque assim quero. Perceber que a cada sim que lhe dou deixo para trás um não que a minha fragilidade e cansaço me sossurram clamorosamente ao ouvido.

Porque onde quer que esta travessia me guie, mesmo que contrariando a minha vontade e certezas, será sempre para uma outra margem onde o Sonho e a Fé nunca deixarão de ser este sangue na guelra que, dia a dia, no seu pulsar grita que sou intimamente livre!