2 de novembro de 2006

MIGRAÇÕES

Vim passear pela cidade velha. Passando na Graça vi pássaros alinhados num fio electrico abrigados do tejo que por trás aparecia imponentemente metálico em tons de cinza e prata. Estranhamente sereno e sombrio. É altura de migrar e os pássaros sabem-no bem. Procurar outras paragens mais quentes e acolhedoras, longe das chuvas, do frio e do inverno.

Sinto-me um pouco um desses passaritos contemplando o Tejo. Fascinado e assustado pela serenidade e receio que ao mesmo tempo ele me transmite. De manhã, bem disposto, desejo profundamente abraça-lo e deixar-me levar na sua serenidade de prata, mas de noite- quando os fantasmas aparecem às crianças debaixo da cama- ressalta aos meus olhos o seu tom metálico que transparece uma letalidade sombria.

Contudo, para mim, ainda não chegou a hora de migrar. Preso à terra que me viu nascer e aos compromissos que assumi, recordo a dívida de gratidão que tenho para com o Tejo e tudo o que ele simboliza. Pergunto-lhe antes no meu chilreio de passarito...

Que queres de mim?

P.S. O egofonias vai abrandar de ritmo... Sempre preferi a qualidade a quantidade....
Terá de ser! Beijinhos e abraços às amigas e amigos!