Vim passear pela cidade velha. Passando na Graça vi pássaros alinhados num fio electrico abrigados do tejo que por trás aparecia imponentemente metálico em tons de cinza e prata. Estranhamente sereno e sombrio. É altura de migrar e os pássaros sabem-no bem. Procurar outras paragens mais quentes e acolhedoras, longe das chuvas, do frio e do inverno.
Sinto-me um pouco um desses passaritos contemplando o Tejo. Fascinado e assustado pela serenidade e receio que ao mesmo tempo ele me transmite. De manhã, bem disposto, desejo profundamente abraça-lo e deixar-me levar na sua serenidade de prata, mas de noite- quando os fantasmas aparecem às crianças debaixo da cama- ressalta aos meus olhos o seu tom metálico que transparece uma letalidade sombria.
Contudo, para mim, ainda não chegou a hora de migrar. Preso à terra que me viu nascer e aos compromissos que assumi, recordo a dívida de gratidão que tenho para com o Tejo e tudo o que ele simboliza. Pergunto-lhe antes no meu chilreio de passarito...
Que queres de mim?
P.S. O egofonias vai abrandar de ritmo... Sempre preferi a qualidade a quantidade....
Terá de ser! Beijinhos e abraços às amigas e amigos!