30 de novembro de 2006

DESAFIO

Hoje acordei e apercebi-me que, se tudo correr bem, daqui a um mês começamos todos a trabalhar.

Senhores colegas aprendizes de feiticeiros... Nas nossas correrias académicas necessárias e positivas temos andado iludidos! Creio que não será o exame o nosso verdadeiro desafio. Esse é tão só mais uma rotina, ainda que com o seu óbvio grau de dificuldade. É apenas o culminar de um percurso de 20 anos em que aprendemos a estudar. Temos a experiência do nosso lado.

Pergunto-te... Já tiveste oportunidade de no meio da rua ter de ajudar alguem numa situação francamente grave? E durante uns minutos enquanto a assistência médica não chegava sentires a pessoa suspensa aos teus parcos conhecimentos, pedindo a Deus que não tivesses de entrar em manobras de reanimação?

Claro que durante uns anos continuaremos a ser amparados por pessoas mais velhas e experientes e quando formos os mais velhos pelos velhotes que estarão ao nosso lado. Mas inevitavelmente são esta independencia, e consequente responsabilidade, que a passos largos se vão aproximando de nós. Intrigam-me muito. Ainda que o conhecimento teórico seja indispensavel para ser bom médico- penso que todos nós já percebemos isso- saber que sempre fui bom aluno nunca fará de mim um bom médico, tirar 100 neste exame tão pouco o fará...

Qual exame qual carapuça! Este é o grande desafio que nos é proposto e que já me vai inquietando no sentido positivo que o termo tem: passar para a vida e tornar eficaz tudo aquilo que fomos aprendendo ao longo destes anos.

Por isso hoje te pergunto a ti e a mim mesmo numa retórica à qual só te desafio a dar uma resposta silenciosa, interior e eficaz... Em termos de caminhada pessoal e humana- e afastando-te da doce tentação livresco-académica que naturalmente te deve estar a sobrecarregar- que fragilidades reconheces em ti e que deves fazer de concreto já hoje para as mudares/enfrentares aspirando a ser, num futuro cada vez mais próximo, um bom médico?

Ainda há bastante tempo (para não ser à boa maneira portuguesa) para serenamente mastigarmos isto tudo como deve ser, escutarmo-nos e a quem nos rodeia, sorrirmos e chorarmos mas, quer queiramos quer não, há mais vida para além do Harrisson que chama por nós e nos vai discretamente interpelando a dar respostas. Não nos demitamos de a curtir e enfrentar!

Beijinhos e abraços sorridentes :)