Este é mais um daqueles posts que me vai ser difícil escrever por se encontrar naquele limiar da minha capacidade de auto-percepção. Desculpem-me os puristas literários por eventuais falhas no português (Um beijinho para si avó)...
Nem tudo o que luz é ouro... É dificil ter recuo sobre nós mesmos, sobre os nossos actos e conseguirmos julgar a sua correcção. Um critério que me é diariamente proposto é o "sinto-me bem com o que faço, logo procedo bem...". Se procurar um pouco na minha experiência descobro várias situações em que isso é óbvio... A partilha de um sorriso de um amigo a quem ajudei, a alegria de um bom resultado num exame que vem premiar horas de estudo esforçado entre outros milhares de exemplos.
No entanto nem sempre é assim. Pergunto-me... Procederei realmente bem ao dar esmola a um sem-abrigo alcoólico- para aliviar este desacerto de consciência que ele me provoca- quando sei que em última análise não terá domínio sobre si próprio e que aquela moeda lhe dará mais um litro de tinto... Ou repegando naquilo que dizia à pouco... Será benigno o sorriso do meu amigo se a partilha não for autentica e generosa? Que dizer da minha felicidade por uma boa nota se as horas de estudo investidas tiverem sido em prejuizo de situações prementes às quais me demiti de dar resposta...
Creio que a bondade é bem mais complexa que isto, um alívio bacoco de consciência ou uma racionalidade desenraizada de dúvidas existênciais. Ser bondoso nunca pode ser levado exclusivamente como um suprir das minhas necessidades ou desejos pessoais. Como interacção implica sempre um descentrar de mim próprio e um questionar franco e honesto acerca da melhor solução para a situação que nos é proposta.
Creio que nem tudo o que luz é ouro. Abrir o meu coração ao bem é antes de mais nada questionar-me sobre mim próprio, duvidar do meu espírito de sobrevivência e dos pressuposto afectivos de conforto que ele acarreta.