Um dia de banco em obstetrícia e um mar de lágrimas...
Chorar pelo estágio de medicina que deixo para trás, que (quem me conhece bem sabe) tanto me fez refilar mas que no fundo, no fundo percebo-o agora tanto amei.
Pela J. ou talvez A. ou M., (não me recordo do nome, apenas do rosto) que sozinha, desamparada (ou talvez mal amparada) fez (quem sabe?? "mais") um aborto de vão de escada e me entrou pelo serviço a esvair-se em sangue.
Pelo sem nome, que sozinho e com poucas semanas, vira pelo ecografo poucos minutos antes, na barriga da sua mãe e que por vontade dela é bem provavel que neste momento se despeça desta vida.
Pela mãe do sem nome, que pois claro sozinha, com o sofrimento estampado no rosto, me parecia procurar respostas que (na nossa objecção de consciência e penuria de outras soluções) não soubemos dar a perguntas que (de certeza) nunca quis fazer.
E por mim... Que me senti terrivelmente só e impotente diante destes rostos de tanta miséria... Porque há situações que, infelizmente, não vem nos tratados de medicina, não se tratam com comprimidos nem se curam atrás de um estetoscópio...