Hoje era Contigo que eu queria falar no meu silêncio. ..
Na correria do dia a dia tenho falado pouco Contigo e nem sempre tenho sabido abrir-Te o meu coração. Passas sempre discreto e despercebido. Também eu tenho de fazer o esforço de Te procurar e encontrar. É verdade que teimas em escarrapachar-Te diante de mim, mas eu, distraido, nem sempre te presto atenção.
Faz-me falta esta Tua presença. Faz-me falta reconhecer-Te encarnado e vivo naqueles que me rodeiam, nas suas (Tuas) alegrias e dificuldades... As vezes é bom fechar-Te numa rodoma de vidro de uma crença teórica, desprovida de afectos, na qual não Te toco e sobretudo não Te deixo tocar-me... Não me comprometo, logo não me poderás incomodar...
Mas sabe sempre a pouco... Sabe sempre a pouco bater com a mão no peito e teimar em não dar o peito a quem me estende a mão. No exercício da solidão de pouco me serves se fores essa teoria desenraizada da minha vida... Calculo, se quiser ser justo, que também de pouco Te servirei então se teimar, desconfiado, em não querer fazer de Ti Vida...
Nas minhas alegrias estarás sempre ausente se não as festejares comigo nos rostos sorridentes dos que me rodeiam. Calculo, se quiser ser justo, que estarei ausente se nas Tuas alegrias não sorrir também para os que me rodeiam.
Nas minhas tristezas de pouco me vales se não teimares em Te manifestar no amparo dos que me rodeiam. Calculo, outra vez tentando ser justo, que de pouco Te servirei se nas tristezas dos que me rodeiam não me disposer a Te emprestar o meu amparo.
Por tudo isto, hoje era Contigo que precisava de falar... Porque, por muito que queira, não saberei ser Teu amigo sem a Tua ajuda... Faz-me falta ver a Tua irreverência. Faz-me mesmo muita falta ver esse Teu enorme coração de pão, outra vez e de novo, teimar em querer tomar para Si a cruz que é a vida dos que me rodeiam nas suas alegrias e tristezas.
Que esta semana, nestas vidas que me envolvem, saiba reconhecer esse Teu sorriso cumplice que desde já sei que derramas sobre mim! Para que mais que bater com a mão no peito a saiba estender docilmente diante de quem dela precisar.