6 de janeiro de 2007

PRISÃO DE PAPEL

Detesto a auto-comiseração! Detesto este sentimento que lentamente enche os espaços que no meu intimo não consinto que a minha vida preencha. Este sentir que pretende justificar-me perante mim próprio e vender-me a ideia que na dificuldade o melhor que tenho a fazer é imitar as avestruzes e por a cabeça na areia à espera que a caravana passe.

Detesto este sentir que volta e meia me segreda ao ouvido uma pequenez que nada tem a ver com humildade ou virtude. Uma pequenez que por mesquinha não quero que seja minha! É a pequenez do cobarde que se atemoriza diante das dificuldades. Aquela que mata os sonhos pela raiz e que nos verga a uma vidinha insonsa e sem sal.

Não me conformo com o meu sentir. Posso não saber reagir com mais impeto, mas conformar-me com isto não me conformarei! Porque sei que a nuvem é sempre passageira, que por trás dela estará sempre o sol que brilha e o seu calor que me aquece.

Porque a maior prisão que um homem pode ter é esta prisão de papel que se impõe a si próprio. Este círculo vicioso de infinitamente se desapaixonar da vida e dela se desinvestir iludido na crença de que a vida para ser feliz terá de ser sempre doce e agradável, um produto pré-confecionado pronto a consumir.