30 de janeiro de 2008

CAMAS

As camas dos hospitais...

Seguramente os sítios com a maior taxa de mortalidade por metro quadrado do pais, autenticos antros de morte...

E curiosa ironia, é por lá que se operam os maiores milagres; onde tenho visto curas fantásticas, recuperações inacreditáveis e os sorrisos mais espectaculares.

Como está o meu (teu) viver?

Como me custa aceitar esta ironia da vida que, numa cama de hospital, me diz que se quero fazer grandes coisas devo predispor-me primeiro a tudo perder...

19 de janeiro de 2008

APONTAMENTOS URBANOS

1.
Passear pelas ruas da cidade. Sozinho, sem telemóvel e sem agenda...

2.
Perscutar nas suas vielas, pelos seus cheiros e cores, uma história contínua; com um rumo de eternidade, legível num caos aparente de ciclos e contra-ciclos. E daqui dar o salto para a minha própria Eternidade.

3.
Contemplar tantos rostos desconhecidos com que me fui cruzando; uns envelhecidos e cansados por anos de vida enraizada, outros relaxados num passeio descontraido de turista. Em todos reconhecer um estar ali, imediato e finito. E daqui dar o salto para a minha própria Finitude.

4.
Roma e Pavia não se fizeram num dia...

MÃOS

Só tenho duas mãos...

De que me serve pedir a Deus aquilo que me tem feito falta se não me predisponho a largar aquilo que me sobra?

Porque com duas mãos, não posso agarrar tudo...

Mas se isto me surge tão óbvio no espírito como o que me tem faltado, muito mais difícil tem sido ter a humildade de perceber no tanto que tenho aquilo que me sobra.

5 de janeiro de 2008

SOL DE INVERNO

Conheces aquele sol de inverno, de fim de tarde que, moribundo, ainda dá uns espasmos de luz mas já não nos aquece o corpo? Que consente que as folhas caiam das árvores e que os animais do campo hibernem...

Assim me tens parecido tu, que, negligente ou indiferente, te tens demitido dos teus sonhos e dos teus amigos, de tudo aquilo que amas! Porque, se queres saber a verdade, de tão habituado ao teu silêncio, já nem sei com quem estou a falar, já mal te reconheço o rosto...

Tu conheces-me! Sabes que também me tem custado: todos os dias, várias vezes ao dia, em surdina porque cobarde, a alma me tenta, dizendo-me que é muito para mim... Sabes que também tenho dormido mal todas as noites e todos os dias tenho pedido a Deus que pelo menos me dê folego para seguir por mais um dia com os meus sonhos...

Não chores por mim que isso pouco me interessa... Tão pouco me consola ou sacia! Sabes... No fundo, no fundo, fazes-me falta! Tenho saudades do teu olhar irreverente e da tua presença cumplice.

Só por hoje, levanta-Te (sim! com um T maiúsculo como a tua grandeza!)!!! Porque desde o dia em que deixaste de acreditar, esse triste dia em que paraste de te esforçar, à tua volta, as folhas tem caido, os animais andam adormecidos e eu, sozinho e inquieto, tenho chorado!