27 de outubro de 2007

QUE TESTEMUNHO?

Recupero hoje um texto que em tempos publiquei noutro blog...
Porque se mantem actual... Porque sinto necessidade de na minha caminhada o recuperar sobretudo para mim....

Alegra-me muito ver tantos a responderem ao desafio de partilhar Cristo vivo nas suas vidas. A escancararem a intimidade dos seus corações num espaço despersonalizado como seja a internet.

Contudo, não nos deslumbremos nem nos deixemos cair na tentação de olhar para o nosso umbigo. Que rosto damos deste Cristo que amamos? Serão os (agora) nossos textos acolhimento profundo e sereno de quem nos visita ou vangloria dos pequenos passos que a custo fazemos no nosso caminhar? Trarão eles consolo a quem precisa de ser consolado ou repulsa a quem pela primeira vez se cruza aqui com esta verdade profunda que toma por nome Igreja.

Porque sejamos honestos, não me serve (creio que não nos serve) uma Igreja que se sirva a si própria antes de consentir alegremente que se sirvam dela (Escusada será a referência ao lava pés...).Temo muito a introversão que desde o princípio vou sentindo neste blog, que as vezes me parece contraria ao Evangelho.

Não cabe à Igreja vangloriar-se do seu caminho e das suas (supostas) vitórias. À Igreja exige-se tão só que seja este rosto sorridente e desempoeirado de Cristo vivo que cativa pela verticalidade dos seus actos e pelo acolhimento tolerante das suas palavras (Ele que era sem mancha, jantou com fariseus, acolheu prostitutas e morreu entre criminosos). Sempre que partimos para outras variações, sempre que nos vangloriamos nas palavras e facilitamos nos actos somos túmulos caiados de branco por fora mas podres por dentro.

Por isso questiono-te (me) e provoco-te(me)...Quando escreves... Olhas(Olho) para ti(mim) e para as tuas(minhas) supostas riquezas ou para quem te (me) lê e as suas pobrezas? Usas (Uso) de caridade sincera? Aspiras (aspiro) de facto a preocupar-te (me) sinceramente com as vidas concretas e enraizadas no mundo que virtualmente se cruzam contigo (comigo) e a deixares (deixar) nelas esta marca indelevel de eternidade que Cristo, em ti (em mim), nelas quer imprimir?
14 de Abril de 2007

25 de outubro de 2007

CARTA ABERTA

Porque nos tropeções dos outros aprendemos nós a caminhar...
Porque me obrigaste a recentrar-me no essencial e porque mais alguêm poderá reencontra-Lo connosco... Um beijinho para ti que recebeste primeiro este mail...

Paradoxalmente, sentires falta Dele no Teu coração já é só por si grande manifestação de Fé!!! É reconhecer da tua parte que lá longe ambos fazem falta um ao Outro :) E se queres saber a verdade... Só repetes no teu coração aquilo que Ele lá longe diz de ti no Seu ;)

Nunca te esqueças que Fé é uma atiude relacional... Não é a TUA Fé... Fé é uma relação entre ti e Deus em que os dois lutam por uma vida profundamente partilhada :) Faz a tua parte, luta por partilhares com Ele a tua vida!! E no teu (eventual) desespero, nunca te esqueças que Ele luta por ti com unhas e dentes... Não tanto para que sejas rica ou saudavel ou linda ou brilhante... Luta mesmo é por ti, para te ver feliz ao Seu lado (como diz o rito do casamento... na alegria e na tristesa, na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, etc etc...) e, já agora, para ser feliz ao teu lado!!!

Se me permites uma achega de caminhada...

Fala muito com Ele... Restaura a confiança relacional que parece perdida... É muito simples no papel, dificil na vida! pede-lhe desculpa (sabendo que Ele está louco por te perdoar) pelos momentos em que te afastaste, pergunta-Lhe (predispondo-te a aceita-Lo) porque o sentes afastado.

Não te fiques por uma Fé teórica e conceptual (mantendo o paralelismo imagina o ridículo de um casamento ass(ac)inado no papel em que se estipula que o marido viverá para sempre na India e a mulher nos Estados Unidos...): Pede-Lhe e deixa que Ele te surpreenda no concreto da tua vida. Mete-te com Ele, tenta alegra-Lo e surpreende-Lo com o concreto da tua vida (não tanto com aquilo que te parece lindo ou sublime, sobretudo com a verdade das tuas lágrimas e dos teus sorrisos)

Porque de uma coisa podes ter a certeza... Se tu que és pequena de coração lutas por Ele e sentes a Sua falta.... Quanta falta Lhe farás e com quanta força estará Ele disposto a lutar por ti no Seu enorme coração?! A pergunta é retórica e a resposta mais que óbvia!!!

20 de outubro de 2007

MARCAS

Perguntaram-me por Ti...
Por onde tens andado, que tens feito, se tens olhado por nós e pelos nossos problemas...
Não lhes soube responder...
Desafiaram-me com o mundo! Pediram-me que identificasse nele marcas concretas da Tua presença...
Não lhas soube indicar...



Perguntei-me por Ti...
Por onde tens andado, que tens feito, se tens olhado por mim e pelos meus problemas...
Não me soube responder...
Olhei para tudo o que fiz, aquilo que dei e aquilo que sou... Tentei ver nisto tudo marcas concretas da Tua presença...
Não as soube identificar...


Sabes Senhor...
Do alto da minha ciência não Te sei justificar... No dia em que me pedirem marcas, nenhuma terei para lhes dar...

Porque as marcas que me imprimes, não tenho como as provar... Tão só humildemente confessar que um dia perdi-me no Teu coração Senhor, e neste vaguear pelos Seus recantos continuo a por Ele me apaixonar.

Amén

9 de outubro de 2007

ACORDAR

Já te aconteceu, pesando friamente o imenso risco do teu gesto prescindires do pássaro que tens seguro entre as mãos seduzido pela beleza dos dois que voam diante dos teus olhos? Sentires claramente que a vida te desafia a jogar uma cartada alta na qual o mais provável é perderes tudo? E ainda assim não saberes nem teres forma de lhe resistir!!!

Não! Não me arrependo de nada do que deixo para trás... Se tivesse que voltar a trilhar esses percursos a todos me entregaria com o mesmo empenho e fidelidade! Mas não me bastam e já não me conseguem conter! Tenho sede e preciso de mais! Impelido nas asas do sonho convenço-me que semeio com lágrimas aquilo que (talvez) colherei um dia com sorrisos!

Tenho medo! Daqueles terrores frios que me invadiam a cama quando era criança deixando-me encharcado e instável a meio da noite. Destes mesmos terrores que ainda hoje me assombram a alma e me vergam nos dias menos bons: tenho medo do imenso vazio que encerro em mim, neste saber previamente que nunca conseguirei gerar respostas convincentes a todas as duvidas que me assolam a alma.

Mas sim! Aceito a proposta da vida (tantas vezes) madrasta... Pronto a esbarrar-me e a (mais uma vez) chorar. Porque sim... Esse é o verdadeiro preço de se sonhar, de se ser fiel a si próprio e aos seus limites: Só não chora quem não ousa querer exceder-se indo mais além. Só não chora quem não quiser crescer!

Aceito não saber bem para onde caminho... Para onde me leva a vida. Mas sei que este é um bom combate, este é o meu caminho! Este terei de ser afinal de contas eu!!